segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Jovens dispensam fotografia digital e apelam para as máquinas toscas

DIOGO BERCITO
colaboração para a Folha de S.Paulo
16/02/2009

A foto saiu fora de foco, mal-enquadrada, com manchas de luz e imagens borradas. Ótimo, era exatamente o resultado esperado.
Pode parecer excêntrico, mas, na era da fotografia digital e do Photoshop, há quem prefira imagens espontâneas e de baixa qualidade técnica.
O nome dessa onda é lomografia, proposta estética austríaca baseada nas experiências de dois estudantes de Viena que, em 1991, se apaixonaram pelo resultado tosco das fotos que tiraram com a câmera LC-A, da marca Lomo.
O nome vem do russo Leningradskoye Optiko Mechanichesckoye Obyedinenie ou, em português, União de Óptica Mecânica de Leningrado. Ainda bem que foi abreviado.
A máquina comemora, em 2009, 25 anos do início da sua produção em massa na União Soviética. Além dela, foram introduzidas no mercado algumas variantes, como a Holga, a Diana e a Fisheye.
O resultado das fotografias é publicado em sites como o www.lomography.com.br, em que os "lomógrafos" se organizam e debatem a técnica.

Aparência "vintage"
Por não haver distribuição oficial no Brasil, os interessados têm de comprar as máquinas da marca Lomo pela Amazon.com ou pelo eBay. Nesses sites, a LC-A aparece por mais de US$ 100 (cerca de R$ 230).
A diretora de arte Mellina Passi, 24, preferiu encomendar sua Lomo Fisheye 2 para o irmão, que viajou para os Estados Unidos. "Gosto dela porque é simples e, ao mesmo tempo, produz fotos com esse ar meio "vintage", meio rústico", diz.
Para Gideoni Júnior, 21, a vantagem é a câmera ser automática e compacta. "Não precisei me preocupar tanto enquanto fotografava", relata.
Gideoni, no entanto, teve de pegar uma Lomo emprestada de um amigo para fotografar. "Pedi que me trouxessem uma do exterior e tentei comprar pela internet, mas acho que a Lomo está fugindo de mim."

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