JB Online
19/02/2009
RIO - Os números variam, mas giram em torno de 70 os artesãos que vieram de Parintins, cidade do Amazonas, para trablhar no Carnaval carioca. A maioria dos barracões tem, pelo menos, um representante do pequeno município em suas hostes. E o que os parintinenses têm de especial? São hábeis artesãos carnavalescos, cuja especialidade é dar movimentos elaborados às alegorias das escolas de samba.
– Eles sabem fazer com que as alegorias ganhem movimentos elaborados. São muito bons nisso. Hoje em dia, todas as escolas vêm com esse tipo de recurso – explica Silvio Baptista, gerente de produção da Grande Rio.
Carlos Lopes, 39 anos, que lidera uma equipe de parintinenses no barracão da Grande Rio, acha que a destreza de seus conterrâneos foi adquirida, ao longo dos anos, nas disputas entre o Boi Garantido e o Boi Caprichoso, no Festival de Folclore da cidade. Segundo Lopes, em um das edições do festival, nos anos 80, o Boi Garantido apareceu com uma alegoria que piscava a pálpebra. Para superar o rival, o Boi Caprichoso criou um movimento mais elaborado no ano seguinte. Estabeleceu-se uma disputa para quem fazia a alegoria de movimento mais complicado, o que acabou se tornando a especialidade dos artesãos da cidade.
- Há pessoas de Parintins que trabalham em mais de um barracão - conta Carlos Lopes.
É a segunda vez que Fabiano Valente, 26 anos, é recrutado para trabalhar no carnaval carioca. Ontem, terminava a pintura de um carro alegórico da Império Serrano. Calcula que haja 10 conterrâneos trabalhando no barracão da verde-e-branco. A principal função da turma foi criar a articulação do polvo instalado no topo de um carro alegórico. Eles também movimentarão os tentáculos do bicho durante o desfile. Fabiano está morando em uma casa no Santo Cristo, Zona Portuária, com mais nove parintinenses. Aluguel, alimentação e passagens são bancados pela escola, que paga ao artesão R$ 30 mil por sete meses de trabalho. Fabiano chegou ao Rio em agosto e vai embora depois do desfile das campeãs. Na folga da rotina de trabalho de 9h às 21h (na reta final vai até a madrugada, podendo chegar à manhã) conheceu a praia de Copacabana e o Maracanã.
– Gostei muito. Só estranhei a comida. Lá em Parintins tem prato diferente no almoço e no jantar: peixe, caça, paca, tatu... Aqui é arroz, feijão, carne ou frango todos os dias – conta Fabiano, que vai descansa por 15 dias, ao chegar a sua terra, antes de começar a trabalhar no Boi de Parintins.
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
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