quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Cannes: Coppola, Walter Salles, Tarantino e Almodóvar voltam ao festival

JB OnLine
Carlos Helí de Almeida, Jornal do Brasil

26/02/2009

RIO - A poeira da premiação do Festival de Berlim, encerrado dia 15 com a vitória do peruano La teta asustada, de Claudia Llosa, ainda não assentou, e a indústria já dá sinais sobre quais os filmes vão compor a programação de Cannes, que acontece entre os dias 13 e 24 de maio. A seleção oficial do mais prestigiado festival do planeta só será revelada em 23 de abril. Mas uma longa lista de fortes candidatos, elaborada a partir de trabalhos de cineastas de prestígio que estarão prontos a tempo de participar da maratona francesa, começa a alimentar a configuração de sua 62ª edição.
A relação de títulos com potencial para cravar uma vaga na seleção oficial, a maioria ligada a autores consagrados no circuito de festivais, é extensa, mas alguns se destacam da multidão de cabeças coroadas. A participação de Los abrazos rotos, o novo longa-metragem do espanhol Pedro Almodóvar, que acumula os prêmios de Direção (Tudo sobre minha mãe, 1999) e Roteiro (Volver, 2006), por exemplo, é dada como certa. Cineastas vencedores da Palma de Ouro, com trabalhos recém-saídos do forno, voltarão à Croisette este ano, como Lars Von Trier (Antichrist, com Willem Dafoe), Ken Loach (Looking for Eric), e Quentin Tarantino (Inglorious basterds, estrelado por Brad Pitt).
Revelado em Cannes 20 anos atrás com Sexo, mentiras e videotape, Steven Soderbergh tem dois novos filmes compatíveis com o perfil do festival: The girlfriend experience, uma comédia sobre prostituição, e The informant, um drama criminal sobre uma falcatrua da agro-indústria protagonizado por Matt Damon. Também em função de aniversários redondos, Francis Ford Coppola, vitorioso da edição de 1979 com Apocalipse now, volta à Riviera Francesa com Tetro, um drama centrado em uma família de imigrantes italianos, rodado em Buenos Aires. No elenco está Vincent Gallo, que causou furor em 2003 com The brown bunny, sua estréia na direção de longas, tachado de pornográfico.
Aberta ano passado com ,i>Ensaio sobre a cegueira, dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles e protagonizado por um elenco internacional, Cannes 2009 conta com alternativas curiosas para título inaugural. Uma delas é Mr. Nobody, uma extravagante fantasia ambientalista dirigida pelo belga Jaco van Dormael (de Um homem com duas vidas/Toto le héros, prêmio Câmera de Ouro de 1991), com Jared Leto, Diane Kruger e Sarah Polley. Especula-se também sobre a opção por Anjos e demônios, de Ron Howard, nova aventura com o simbologista Robert Langdon (Tom Hanks), personagem criado pelo escritor americano Dan Brown para a série de best-sellers iniciada com O código Da Vinci. Este abriu o Festival de Cannes de 2006. O lançamento francês do novo capítulo da franquia foi convenientemente marcado para o dia 13 de maio.
O cinema brasileiro tem pelo menos quatro produções inéditas ligadas historicamente ao Festival de Cannes. Walter Salles, que competiu ano passado com Linha de passe, co-dirigido por Daniela Thomas, já deu início à pós-produção de On the road, filme produzido pela American Zoetrope de Coppola a partir do livro homônimo de Jack Kerouac. Agendado para chegar aos cinemas em 22 de maio, Budapeste, de Walter Carvalho, é inspirado no romance de Chico Buarque de Hollanda, autor também de Estorvo, cuja versão cinematográfica dirigida por Ruy Guerra competiu no festival de 2000. Certo 100% é a participação de No meu lugar, de Eduardo Valente, com produção da Videofilmes de Salles. Valente teve três de seus curtas exibidos em Cannes – O sol alaranjado (2002) recebeu o prêmio Cinéfondation para filmes universitários.

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