quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Para divertir, refletir e educar

Tribuna do Brasil
Autor: Milene Sodré
19/02/2009

Divulgação
O Pacotão e Meninos de Ceilândia prometem dar uma aula de bom humor, criatividade e consciência social
Embriagados de alegria, sátiras políticas e campanhas sociais, os blocos de Carnaval em Brasília seguem seus percursos garantido à cidade muita diversão e a consciência de um mundo melhor para se viver. Brincar o Carnaval é coisa séria, principalmente na capital federal do país, mas tudo isso sem perder a graça e a descontração, características fundamentais do povo brasileiro. Com muito humor e uma boa dose de ação social, dois blocos do Distrito Federal entram em ação com o objetivo de adicionar ao Carnaval mais alegria e educação.
Pacotão
Tudo começou numa animada tarde de verão, em 1978, quando um grupo de jornalistas, reunidos no Clube da Imprensa, conversavam inconformados sobre as últimas notícias vindas do governo.
Para amenizar as bombásticas medidas adotadas pela ditadura, o grupo resolveu lutar com a melhor das armas: o humor. Depois de muita conversa e algumas cervejas, nascia a Sociedade Armorial Patafísica Rusticana O Pacotão. O Pacotão é um bloco formado pela força e audácia de muita gente.
Entre seus fundadores estão Cláudio Lysias, Carlos Augusto Gouvêa, David Renault, Fernando Lemos, Guarabira, Márcio Varela, Moacyr de Oliveira Filho e o Racsow. Antes da conversa histórica no Clube da Imprensa, houve uma anterior no Bar do Gurgel, e outras posteriores, no Bar do Chorão, que acabara de ser inaugurado na 302 Norte por Artur Pedreira, também jornalista. Arturzinho, como é conhecido, embarcou com tudo na idéia, cedendo as instalações do Chorão para a concentração do Pacotão.
Acertados todos os detalhes, era preciso ainda conseguir quem animasse os “pacoteiros” no seu primeiro desfile no Carnaval de 1978. Surgiu daí a idéia de procurar a Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro (ARUC), a mais famosa Escola de Samba de Brasília. Bastaram apenas alguns minutos de conversa com Nilton de Oliveira, um dos maiores carnavalesco da história de Brasília e então presidente da ARUC, para o problema ser resolvido. Sabino também embarcou de corpo e alma na idéia do bloco e colocou à disposição parte dos ritmistas da escola.
Até hoje, as paredes do Chorão guardam o primeiro cartaz do Pacotão, desenhado pelo cartunista Racsow. Uma verdadeira relíquia, com a manchete: “Pacotão, Chorão e Unidos do Cruzeiro convidam o povo para adentrar à avenida. Do lado esquerdo, a letra da samba “Plataforma”, de João Bosco e Aldir Blanc, lançado em 1977 no LP “Tiro de Misericórdia”, que sintetiza o espírito que norteou a criação do “Pacotão”.
A letra desse samba, adotada como musa inspiradora do Pacotão, diz tudo o que imaginaram os seus criadores. Na verdade, a principal intenção do grupo que fundou o Pacotão era uma só: fazer um bloco para que se pudesse brincar em paz o Carnaval. Boêmios, amantes da música e acima de tudo festeiros, os fundadores do Pacotão não imaginaram que a brincadeira iria se superar e virar uma coqueluche brasiliense. Na cabeça desses fundadores, o Pacotão seria apenas um bloco de jornalistas que queriam se divertir no principiante Carnaval brasiliense, longe das regras e da organização das Escolas de Samba e do Carnaval oficial.
Além de boêmios festeiros, o grupo era também politizado, sendo assim não poderia faltar o toque irônico de sátira política. O nome “Pacotão” é uma divertida alusão ao “Pacote de Abril” do general Geisel, última novidade do governo na época. O bloco, que inicialmente era apenas uma brincadeira de jornalistas, conta hoje com uma multidão de foliões anônimos, que levam suas próprias faixas, cartazes, fantasias, camisetas e até bandas e bancadas paralelas. O bloco se aglomera na porta do Chorão, na 302 Norte, sempre no domingo e terça-feira de Carnaval, às 11 da manhã. Lá, os participantes esquentam os tamborins e os ânimos até a saída do Pacotão, que segue pela W3 Norte/Sul rumo ao seu destino final, 503/504 Sul, sempre no mesmo formato de mais de trinta anos atrás, politizado, satírico e cheio de alegria. Para esse ano o Pacotão tem como “homenageada” a ministra da Casa Civil, Dilma Rouseff, com uma marchinha que promete se transformar no hit do Carnaval brasiliense.
Perereca de Bigode(autor: Joka Pavaroti)
Estão maquiando a Dilma
Pra enganar o Povão
O Lula gritou Eureca!Quem comeu sapoEngole Perereca!
Eu acho vai dá bode
Dilma não tem barba! Mas pode ter bigode!
Eureca! Eureca!
Quem comeu sapo
Engole Perereca!

Menino de Ceilândia
A Associação Cultural Menino de Ceilândia realiza atividades carnavalescas desde 1995, com o Bloco Menino de Ceilândia.
Em 2005, o trabalho desenvolvido há mais de dez anos recebeu o título de Ponto de Cultura “Menino de Ceilândia”, possibilitando a ampliação das metas e sonhos, fortalecendo o trabalho nas áreas de capacitação, formação, disseminação da cultura popular para a comunidade. As ações do ponto são oficinas de literatura de Cordel, artes plásticas, dança passo de frevo, inclusão digital, carnaval de rua e palestras.
Tudo isso para um público de jovens e adultos das escolas públicas, centros de referência da Assistência Social e Comunidade em geral.As ações desenvolvidas no Ponto de Cultura Menino de Ceilândia proporcionaram à aprovação do projeto Cultura, Turismo e Inclusão Social, no Ministério do Turismo por meio da Fundação Banco do Brasil. Trata-se de um novo desafio para a associação. O projeto prevê a formação de uma orquestra e um grupo de dança popular, uma cooperativa de costura e serigrafia.
A metodologia adotada prevê a associação de palestras temáticas sobre associativismo, história da cultura popular e história da cidade. Tudo isso numa integração com as oficinas e cursos. No Carnaval, os produtos das oficinas de artes plásticas e dança de frevo são expostos. A maioria dos participantes das oficinas se envolve desde o processo de produção até as festividades.
O bloco se concentra na EQNN 01/3, Ceilândia Sul, próximo à administração, e segue pelas ruas da cidade, a partir das 17h, no domingo e na terça-feira de Carnaval.
Os interessados em participar do bloco, ou dos projetos que acontecem durante o ano, podem entrar em contato pelo meninodeceilandia@gmail.com ou por meio do endereço da Associação Cultural Menino de Ceilândia: QNM 03, Conjunto M, Lote 28, Ceilândia Sul..

Fonte : Tribuna do Brasil
Data : 19 de fevereiro de 2009

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