sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Novo álbum do U2 é um sucesso, mas Bono nem tanto--críticos

MIKE COLLETT-WHITE - REUTERS

LONDRES - A banda irlandesa U2 vai lançar na próxima segunda-feira seu 12o álbum gravado em estúdio, e, embora o trabalho venha sendo altamente elogiado, críticos argumentam que o papel duplo do vocalista Bono, de roqueiro e "salvador" de campanhas em favor dos pobres e outros, pode estar prejudicando a música.
"No Line On The Horizon" chega às lojas da Europa na segunda e dos EUA na terça, e, como um dos maiores lançamentos de discos de 2009, será observado de perto por um setor musical ansioso por reverter as fortes quedas sofridas nas vendas de álbuns. Ninguém imagina que o U2 seja capaz de salvar a indústria musical sozinho, assim como ninguém pensa que Bono sozinho possa aliviar a pobreza global. Mesmo assim, a expectativa é grande em torno do primeiro álbum do grupo em mais de quatro anos lançado pelo selo Universal Music Group, da Vivendi. Candidato a maior álbum do ano antes mesmo de ser lançado, "No Line" vem sendo descrito como o álbum mais experimental do U2 desde 1991 e possivelmente o melhor desde então. "Simplesmente é o melhor álbum do U2 desde 'Achtung Baby'", escreveu a revista Q no final de uma resenha em que atribuiu cinco estrelas ao álbum.
"É possível que, com o tempo, ele mostre ser ainda melhor". A revista Rolling Stone também deu cinco estrelas ao álbum, e a revista Mojo, quatro. "No Line" foi produzido por Brian Eno e Daniel Lanois, que colaboraram com a banda em "The Unforgettable Fire", de 1984, e seu maior álbum até hoje, "The Joshua Tree", que vendeu estimados 25 milhões de cópias. O último álbum do U2, "How to Dismantle an Atomic Bomb", vendeu 9 milhões de cópias em todo o mundo. Críticos dizem que "No Line", gravado no Marrocos, em Dublin, Londres e Nova York, marca o retorno à abordagem mais experimental de "Achtung Baby" e "Zooropa". Embora a maioria tenha ficado bem impressionada com o resultado, há vozes discordantes. "Apesar do tempo e esforço evidentes gastos no álbum, o tom é irregular e às vezes perfunctório", escreveu Andy Gill, do jornal The Independent. O primeiro single do álbum de 11 faixas, que o U2 vem tocando em shows de premiação recentes, é o acelerado "Get On Your Boots", mas é "Magnificent", em tom de hino, que mais impressionou os especialistas, seguido por "White as Snow".
As canções tratam de temas como o amor, a guerra, a esperança e, possivelmente mais que nunca, ser Bono. O vocalista do U2 vem há anos conjugando sua carreira de superastro do rock com a de líder de campanhas, alguém que incentiva empresários e líderes mundiais a combater desde a Aids até a pobreza. Há quem pense que essa sua missão está começando a prejudicar a harmonia, distanciando potenciais fãs e colorindo tudo o que o U2 faz.
"Está ficando cada vez mais difícil ouvir a música do U2 sem filtrá-la por seus sentimentos em relação ao outro Bono, aquele misto estridente de idealismo, agenda política e ego", escreveu J. Freedom du Lac no The Washington Post. Apesar disso, diz ele, "No Line On The Horizon" é "magnífico em alguns momentos".

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