terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Gestora dos teatros municipais, Ana Luisa Lima acaba com personalismo

Luiz Felipe Reis, Jornal do Brasil
03/02/2009

foto: Rafael Moraes
RIO - Tem conversa. Após informar a Claudio Botelho que ele não dirigiria mais o Teatro Carlos Gomes, a nova gerente da Rede Municipal de Teatros, Ana Luisa Lima, chamou-o ao entendimento.
Até o fim da semana, ela anuncia os novos nomes que ocuparão os cargos de gestores para as salas do município. Em vez de um único diretor artístico responsável por administrar e determinar as concepções de cada espaço, a Secretaria de Cultura criou cinco cargos, que estarão vinculados à Subsecretaria de Democratização e Difusão Cultural. São eles: gerente da Rede Municipal de Teatro (Ana Luisa Lima), gerente de artes cênicas (Celina Sodré), gerente de música (Samuel Araújo), gerente de artes visuais (Cláudia Zarvos) e gerente de centros culturais (Gilberto Gouma). Cada um dos teatros terá ainda um administrador geral, que ficará responsável pela manutenção, reparo e serviços estruturais.
– Antes o gestor guardava para si a autonomia completa do espaço, o que contribuía para uma completa falta de formalidade e concepção. Sabíamos que muitos nomes iriam reclamar dessa mudança.
Ana Luisa Lima explica que a nova pasta optou por adotar um modelo de gestão inverso ao praticado pelo ex-secretário Ricardo Macieira. Em vez de os gestores serem os responsáveis por modelar o estilo de cada teatro, caberá às comissões montadas pela prefeitura definir a concepção artística e estilística de cada um dos lugares.
– As determinações não estarão subordinadas a uma única pessoa com pleno comando. O modelo de administração personalista ficou no passado – destaca. – Após decidirmos as novas funções de cada espaço, será fácil definir os novos nomes. Eles atuarão conforme as novas particularidades de cada uma das casas.
Ela acredita que as mudanças buscam recuperar uma proximidade entre a pasta e os teatros da Rede, dotando a prefeitura de mais controle e papel atuante na elaboração dos programas.
– Formaremos um grupo para discutir a nova programação. Não crucifico os antigos gestores, porque o último governo simplesmente os abandonou. Os teatros ficavam sob a responsabilidade de cada um e a prefeitura não tinha conhecimento do que ocorria. Para se ter idéia, diversos móveis e objetos foram encontrados, mas ninguém sabe de onde vieram. Se foram doados, não tinham sequer um termo que comprovasse o ato.
Ana Luisa afirma que a maioria dos oito teatros municipais está sem equipamento de luz e som. Como muitos contratos de aluguel foram encerrados e a nova gestão ainda não comprou e instalou os novos produtos, lugares como o Sérgio Porto e o Ziembinski, entre outros, sofrerão com a falta de estrutura até meados de abril e maio.
– É uma escolha de Sofia. Ou decidimos acabar com o problema dos próximos quatro anos ou resolvemos continuar a bancar a locação. Mas aí nunca sanaremos o problema. Entendemos que não faz o menor sentido continuarmos pagando aluguel. Preferimos economizar para a compra definitiva.
Ela lembra ainda, que teatros do estado, como o Villa-Lobos, Gláucio Gil e a Casa de Cultura Laura Alvim não contam com equipamentos, e que cabe aos produtores dos espetáculos arcar com os custos para cada montagem:
– Sabemos que esse formato não é o ideal, por isso estamos empenhados na compra. Reunimos técnicos especializados que analisaram algumas alternativas. Os modelos já foram repassados ao prefeito. E posso dizer que o processo está muito bem encaminhado.
Em alguns casos, a nova gerente pretende manter nomes. É o caso do Teatro do Jockey, que continuará com Karen Accioly no comando. Ana Luisa conta que Karen terá a missão de intensificar o caráter infantil do lugar.
– Ele se tornará um centro de referência de cultura e infância. Iremos trabalhar com uma programação voltada para a linguagem infantil. E já convidamos a Fundação Nacional do Livro, além de pessoas que entendam desse universo.
O próprio Claudio Botelho, que teve seu contrato encerrado, parece ter nova chance à frente do Teatro Carlos Gomes. Foi convidado pela secretária Jandira Feghali para uma reunião marcada para amanhã.
– Será a primeira vez que iremos conversar sobre essas mudanças. Precisamos entender melhor esses novos rumos – diz Botelho.
Ana Luisa confirma que o diretor foi demitido porque seu contrato não atendia ao padrão a ser adotado pela nova Secretaria.
– Não tínhamos como manter o contrato dele. Mas, teoricamente, isso não impede que ele seja novamente contratado. Diferentemente do ex-gestor do teatro Ziembinski. Ele foi absolutamente descartado das negociações.
Inicialmente marcada para a próxima sexta-feira, uma reunião entre Jandira Feghali e os antigos gestores foi adiada.
– Decidimos ampliar a conversa e chamaremos também novos nomes. Será algo mais amplo, mas será realizada no início da próxima semana, quanto toda a classe estará disponível.

3 comentários:

  1. Ana Luísa é excelente profissional, certamente, fará um excelente trabalho na sua nova função!

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  2. A postura firme que ela adotou está tendo reações interessantes no DF: uns afirmam sua seriedade e competência, enquanto outros a acusam de centralizadora.
    Quanto a essas críticas, mesmo não a conhecendo, não vejo como quem cria comissões para decidir um processo com a visão geral dos equipamentos culturais possa vir a ser centralizadora.
    Isso eu chamo de administrar com sabedoria.
    João Carlos Corrêa
    9202-6149

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  3. Excelente professora e profissional da cultura!

    Foi empossada na última quinta feira, dia 1 de abril, como Secretária de Cultura do Município do Rio de Janeiro Ana Luisa Lima, a professora licenciada do nosso curso de Produção Cultural do IFRJ.
    Parabéns professora!

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