segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Aruc é patrimônio cultural

Tribuna do Brasil
Autor: Emanuelle Coelho
16/02/2009

Governador deve assinar Decreto hoje no Buritinga
O governador José Roberto Arruda deve assinar hoje, às 15h30, no Buritinga, decreto que torna a Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro – Aruc um Patrimônio Cultural e Imaterial de Brasília. A informação foi dada ontem à noite pelo secretário de cultura, Silvestre Gorgulho, durante ensaio da escola de samba, no Cruzeiro Velho. Ontem, a agremiação apresentou, em festa, o seu samba-enredo para o carnaval 2009, “O gavião abre as asas para Joãosinho Trinta”, com a presença do carnavalesco.
Para o secretário, a Aruc foi pioneira em viver o samba de Brasília. “Esse decreto é um sinal de que se começa a reconhecer e resgatar os bens culturais do Distrito Federal”, ressaltou. Ele informou que também já fazem parte do patrimônio imaterial da capital federal, a Via-Sacra de Planaltina, o Clube do Choro, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, e o Ideário Educacional Anísio Teixeira.
“O tombamento significa que a tradição da cidade não pode mais acabar. É uma idéia de permanência. Institucionalmente, quando forem pedir apoio e incentivo, dará mais bagagem e mais força”, explicou o secretário. Ele comentou também que a Aruc ficou em primeiro lugar no Fundo de Apoio a Cultura (FAC) pelo trabalho que irá desenvolver, na segunda quinzena de março, com cursos de gestão de carnaval e produção de fantasias.
Durante o ensaio, o presidente da Novacap, Luiz Carlos Pietschmann, anunciou que na próxima quinta-feira a empresa fará a abertura dos envelopes das empresas que estão concorrendo para a construção da Vila Olímpica da Aruc. As obras devem ser iniciadas no mês que vem.
O presidente da Aruc, Moacir de Oliveira, disse que é importante reconhecer o trabalho que a escola de samba vem fazendo há 48 anos em defesa do samba, da cultura e da comunidade.
Hélio dos Santos, um dos mais antigos membros da escola de samba, ressaltou que a Aruc agora é uma entidade tombada para a cultura de Brasília. Para ele, o decreto é de fundamental importância e significa um reconhecimento do trabalho de 48 anos da Aruc. “Demonstra a importância que ela tem para a cultura de Brasília. Se o governador Arruda não tomasse essa decisão, após esse carnaval a escola poderia ser extinta por falta de condições de continuar funcionando”, declarou. Ele ressaltou que a Aruc não está legalizada, não pode fazer melhorias e nem promover eventos para arrecadar verbas. “Se não arrecada, não tem meios de sobreviver”, completou. Para Antônio Lustosa, um dos coordenadores do casal de mestre sala e porta-bandeira, o decreto é tudo que a escola precisava. “Em Brasília está a nata do samba brasileiro. É um prêmio pelo nosso trabalho. Estou orgulhoso pelo trabalho que fazemos ano a ano. É uma valorização da referência que somos”, declarou.

Escola de Samba do DF é a maior campeã do Brasil
De acordo com dados da Aruc, a associação foi fundada em outubro de 1961, quando um grupo de moradores do Bairro do Gavião (antigo nome do Cruzeiro), reuniu-se para fundar uma entidade que promovesse o congraçamento dos moradores, desenvolvendo atividades de lazer, esporte e cultura. Surgiu então a Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro. E como a maioria dos seus fundadores era formada por cariocas, transferidos recentemente do Rio de Janeiro para a nova capital, uma das primeiras providências da nova entidade foi a criação do Departamento de Escola de Samba.
Ainda de acordo com informações da associação, os primeiros títulos da escola azul e branco seguiram por cinco anos ininterruptos, de 1965 a 1969. Na história da escola do Cruzeiro, alegrias e fatos tristes, como a desclassificação por reduzido número de integrantes em 1974, e também o sumiço da bandeira no desfile de 1979. Sob o comando do presidente Nilton Sabino, a Aruc chegou a condição de maior escola de samba do Distrito Federal.
A década de 90 foi marcada como um período de ausência nos desfiles por três anos consecutivos, por causa de problemas com a organização do evento por parte do GDF e da Liga de Escolas de Samba (1994, 1995 e 1996). A escola conquistou 27 títulos de 40 disputados, um octa-campeonato, um penta, dois tetras e um tri, a Aruc firmou-se como a maior vencedora de desfiles de carnaval no Brasil, superando inclusive a sua madrinha Portela, do Rio de Janeiro. Só não venceu em 13 desfiles, sendo que em sete deles ficou com o vice-campeonato. É a única Escola de Samba do país a possuir o título de octa-campeã do Carnaval, por ter vencido oito desfiles consecutivos, de 1986 a 1993.
E nesses 48 anos, os enredos apresentados pela escola abordaram os mais variados temas. Alguns dos quais se consagrou vencedora: Imprensa Régia (1965); Homenagem a Santos Dumont (1966); Dona Beija e seus amores (1968); Rio através dos sonhos (1969); Raízes do Nosso Povo (1975); Chico Rei, sua História e sua Glória (1977); Brasília na solidão do azul e branco (1978); “Todos os azuis do azul” (2006); Iguaçu, As cataratas que surgiram do amor (2007);
Fonte : Tribuna do Brasil
Data : 16 de fevereiro de 2009

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