quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Público questiona filme de diretor brasileiro em Berlim

Folha OnLine
11/02/2009

SILVANA ARANTES
enviada especial da Folha a Berlim

As primeiras perguntas que o diretor brasileiro Paulo Pons, 34, teve que responder sobre seu longa "Vingança", exibido na noite da última segunda-feira na seção Panorama do 59º Festival de Berlim, foram o que há de particular com os gaúchos, para que o filme os ironize tanto, e se é comum no Brasil que as pessoas tentem limpar a sua honra quando são vítimas de um crime sexual, em lugar de procurar a polícia.

Quem formulou as questões foi o mediador do trecho de perguntas e respostas com o público, que sucedeu a sessão, encerrada a 0h30, com a lotação da sala quase completa.
"Vingança" segue a ida ao Rio de um professor de tradições gaúchas (Erom Cordeiro) cuja noiva foi estuprada em Pedro Osório (RS), cidade-natal de Pons. Instruído pelo futuro sogro, o professor objetiva castrar e matar o criminoso (Márcio Kielling), mas termina (ou começa) envolvendo-se com a irmã dele (Branca Messina).
Pons respondeu que "pessoalmente, não agiria da mesma forma [que o protagonista]", mas que "é comum que, em cidades pequenas, se encare de outra forma e se tente uma atitude pessoal" e que "pessoas do interior tendem a lidar com a questão da vingança com as próprias mãos porque não têm o suporte que uma cultura mais desenvolvida pode oferecer".
Pons disse que nunca foi sua intenção ironizar os gaúchos, mas sim mostrar a condição de alguém que pode "se sentir um estrangeiro em seu próprio país". Segundo o diretor, sua motivação para realizar o filme (com R$ 80 mil) foi discutir "a violência contra a mulher e a vingança como um outro crime decorrente do primeiro".
Hoje, o documentário "Garapa", de José Padilha, que venceu o Festival de Berlim no ano passado com "Tropa de Elite", faz sua estreia, também na seção Panorama, ou seja, fora da competição pelo Urso de Ouro.

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