sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Elomar tem obra transcrita em partituras e diz que não vai mais gravar

Nelson Gobbi,
Jornal do Brasil
06/02/2009
Foto: Kika Antunes
RIO - Do “sertanês” recolhido da oralidade do homem do campo, recriado a partir da estrutura da música erudita, Elomar Figueira Mello compôs uma obra feita de terra e sofisticados acordes, espalhada por 16 discos e dois compactos, gravados a partir de 1967. Objeto de estudos e teses, os 49 temas registrados pelo compositor, cantor e escritor baiano foram inteiramente transcritos em partituras, nos 14 cadernos do projeto Elomar: cancioneiro, feito a partir de um patrocínio de R$ 500 mil da Petrobras – já nas livrarias. Empreitada desenvolvida por um grupo de quatro músicos e pesquisadores mineiros (Letícia Bertelli, Hudson Lacerda, Avelar Jr. e Kristoff Silva), durante dois anos – nos quais ocorreram quatro encontros com o menestrel na sua fazenda da Casa dos Carneiros, na região metropolitana de Vitória da Conquista – toda a anotação musical foi feita a partir da audição direta dos fonogramas.
– Os “escribas” foram mais fiéis o possível ao adaptarem o meu maneirismo ao cantar – comenta Elomar. – Este trabalho é fundamental tanto para a preservação da minha obra como para demonstrar que ela não é “quadrada” como pensam muitas pessoas metidas a intelectual por aí.
A recuperação de sua obra não pára por aí. Parte do catálogo distribuído pela gravadora Kuarup, pela qual Elomar lançou a maioria de seus discos e que anunciou o fim de suas atividades no mês passado, está na cabeça do compositor.
– Vou receber de volta as matrizes de discos como Na quadrada das águas perdidas (1978), Cartas catingueiras (1983), Árias sertânicas (1993) – enumera. – Outros, como os álbuns da série Cantoria, podem ir para outras gravadoras, porque envolvem mais artistas. Vou passar a comercializar meus discos pela internet e na porta dos teatros onde fizer minhas apresentações.
Estes registros devem ser mesmo os últimos feitos pelo menestrel.
– Meu projeto atualmente é não fazer mais discos na vida. Não dá para gastar R$ 200 mil numa gravação e perder tudo para a pirataria. Virou uma grande avacalhação e ninguém faz nada para coibir – indigna-se o cantor. – Para me ouvir agora só como fazia o público dos trovadores do passado: tem que ser ao vivo, nos teatros, aqui na Casa dos Carneiros ou em algum bar.
João Paulo da Cunha, que assina os textos históricos e biográficos da obra, destaca a importância do projeto para ressaltar a pluralidade da música de Elomar.
– Suas composições se aproximam da música antiga, mes têm muitas referências contemporâneas, como elementos dodecafônicos – explica o também editor do caderno Em Cultura, do jornal O Estado de Minas. – Uma coisa é tocar e cantar a música do Elomar, outra é fazer uma análise musical profunda, capaz de demonstrar a sofisticação de sua obra.
Elomar espera que a publicação das notas musicais, que inicialmente tiveram tiragem de 2 mil unidades, estimulem mais violonistas e violeiros a mergulhar em sua produção.
– Este Cancioneiro é fundamental em muitos aspectos. Minha música não vai mais se perder, uma vez que não estará restrita apenas às gravações. Sei que muitos músicos tentam tocar as minhas músicas, mas se perdem em alguns arranjos mais complexos, e agora eles poderão interpretá-la de maneira correta. Já ouvi também de músicos iniciantes, que tentavam tirar as canções de ouvido, o interesse em aprender a ler partituras, após descobrirem os cadernos.
Afastado dos estúdios de gravação, Elomar em breve poderá ser visto num registro audiovisual: está previsto para o segundo semestre o lançamento de um DVD com um concerto gravado em junho de 2007, que reuniu mais de 2 mil pessoas na Casa dos Carneiros, em comemoração à inauguração da fundação homônima, que vai fazer parte de um kit institucional. Nos próximos anos, Elomar deve se voltar mais à literatura, complementando o romance Sertanílias, lançado no ano passado.
– Tenho idéias para mais três livros, que pretendo lançar ao longo dos anos. São romances de cavalaria, com relatos de minhas andanças pelo universo sertano. Também quero lançar um caderno de poemas, algo que escrevo desde os 17 anos, chamado Lira dos 17 e outras quadras, e um caderno de peças, intitulado Pétalas do teatro alumioso. Isso sem contar os roteiros para cinema, aos quais volta e meia me dedico, e os ensaios. Estes últimos escrevo lentamente, com o pensamento de deixar para que os meus publiquem depois que me for. Agora estou fazendo um ensaio chamado A era dos grandes equívocos, sobre o século 20, uma cacetada no período que, na minha opinião, foi quando a humanidade cometeu mais erros.

3 comentários:

  1. tô cansado de ver enganações. Desconheço algum site que tenha obra do ELomar transcrita em partitura. A pesquisa de sempre: "Elomar partituras", mas nada; é pura enrrolação. Conheço-o pessoalmente, assim como o Maestro, seu filho, João Omar, mas sempre tem uns otários que dizem possuir obra de Elomar. Cadê?

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  2. é bom que saibam que minha crítica é construtiva!

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  3. Claro que existe a obra de Elomar em Partituras. é somente entrar no site da livraria cultura e adquirir uma obra prima chamada Elomar: Cancioneiro. São 14 livros pequenos com partituras fiéis ao compositor, um livro que fala sobre Elomar e a sua obra e outro caderno com analise musical e poético das obras de Elomar. Não sejam como Tomé, mais se é assim compre esta maravilha !!!!!!!

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