FELIPE MAIA
da Folha Online
04/02/2009
O canal "Aberturas de Novelas", um dos mais populares entre os internautas para acesso a imagens de arquivo da televisão, foi deletado do YouTube, quando tinha 1.244 vídeos.
Por e-mail, o site informou ao responsável pela página, Fábio Sexugi, 28, que o motivo do bloqueio foi a publicação de um vídeo antigo do grupo Balão Mágico. O pedido partiu da Sony BMG, segundo o comunicado. O filme, com a música "Amigos do Peito (Somos Amigos)", foi retirado de um especial da Globo exibido em 1984, com participação de Fábio Jr --o grupo infantil e o cantor eram contratados da gravadora CBS na época, que hoje se chama Sony BMG.
Quando foi deletado, o canal estava entre os 30 mais vistos de todos os tempos no YouTube no Brasil. Mas já figurou entre os dez mais acessados, na contagem para apenas um dia.
Uma requisição da gravadora já havia vitimado recentemente o canal MofoTV, que também tinha como foco a memória da TV brasileira --a página migrou para o MySpace. A Sony BMG tem, desde 2006, um acordo para distribuição de conteúdo legal, protegido por direitos autorais, no YouTube.
Quando foi deletado, o canal estava entre os 30 mais vistos de todos os tempos no YouTube no Brasil. Mas já figurou entre os dez mais acessados, na contagem para apenas um dia.
Uma requisição da gravadora já havia vitimado recentemente o canal MofoTV, que também tinha como foco a memória da TV brasileira --a página migrou para o MySpace. A Sony BMG tem, desde 2006, um acordo para distribuição de conteúdo legal, protegido por direitos autorais, no YouTube.
Reprodução
Canal com imagens antigas de televisão figurava entre os 30 mais vistos do YouTube no Brasil
Essa não é a primeira vez que o "Aberturas de Novelas" sai do ar. A primeira edição ficou no ar durante o ano de 2007 e chegou a ter quase mil vídeos, mas também foi deletada por questões de direito autoral. A nova versão foi criada em outubro daquele ano e derrubada no dia 29 de janeiro de 2009.
Os vídeos produzidos por Sexugi tinham o logo "Aberturas de Novelas" e sempre terminavam com imagens de pessoas desaparecidas, em uma campanha criada por ele para ajudar encontrá-las.
Normalmente, o YouTube pede que o dono do canal exclua apenas o vídeo com problemas, e não a página toda. Entretanto, como Sexugi era reincidente, o site optou por remover todo o conteúdo.
"Se continuar assim, o YouTube vai ter só vídeo de festa de aniversário --isso se a música de fundo não for de alguma gravadora, porque eles apagam o áudio", diz Sexugi, que mora em Peabiru (PR) e é professor de latim na Fecilcam (Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão).
Arquivo
A página no site de vídeos era extensão de uma comunidade homônima no Orkut, que existe desde 2004. A ideia inicial era relembrar as aberturas de novelas antigas, que estavam armazenadas em fitas VHS que o professor coleciona desde o início da década de 90. Ele também passou a fazer capturas das novas novelas.
Reprodução
Vídeo da turma do Balão Mágico com o cantor Fábio Jr., tirado de especial da Globo, foi o responsável pelo fim do canal no YouTube
Curiosamente, os vídeos que faziam mais sucesso não estavam relacionados às novelas.
A produção mais vista era um vídeo da menina Maisa, em seu programa no SBT, que teve quase 1 milhão de acessos, seguido por uma cena do humorista Tiririca no "Domingo Legal".
Em terceiro ficava a reprodução da "bronca" dada por Ana Maria Braga no ex-marido de Suzana Vieira, Marcelo Silva, morto no ano passado --a apresentadora afirmou que se ele "desaparecesse da face da Terra agora seria uma coisa maravilhosa para todo mundo".
De acordo com o professor, ele já esperava pela medida do YouTube. "Depois da exclusão do primeiro canal, depois do MofoTV, que era mais famoso, eu já esperava que o próximo seria o meu". Entretanto, ele reluta em classificar o episódio como censura. "Eu considero que seja mesmo pelo apelo das gravadoras, que estão vendo os lucros caírem. A questão é que, de uma certa forma, a página servia para promover os artistas deles", diz.
Agora, ele estuda de que forma vai disponibilizar os vídeos --antes do YouTube, eles eram guardados em serviços de download, como o Rapidshare. Mas os usuários já se acostumaram a ver os arquivos por streaming, sem precisar baixar o arquivo para assistir.
Procurado pela Folha Online desde a tarde de segunda-feira (2), o YouTube não se pronunciou sobre o assunto. A reportagem enviou o link do canal e o vídeo do Balão Mágico para a Sony BMG, mas a gravadora também não comentou o caso.
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