colaboração para a Folha Online
05/02/2009
O vocalista do Barão Vermelho, Frejat, lançou no final do ano passado seu terceiro álbum solo, "Intimidade Entre Estranhos". Ele conversou com a Folha Online às vésperas de desembarcar no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, para divulgar o disco em três shows nos dias 6, 7 e 8 de fevereiro.
Na entrevista, Frejat diz que sua maturidade musical já não permite que ele seja influenciado por outros artistas. Ele critica bandas de Emo e New Metal, diz que gosta de música eletrônica e que, sobre o palco, o Barão Vermelho é melhor do que os Rolling Stones.
Ainda sobre sua banda, Frejat afirma que não há previsão de uma nova reunião. "Não me vejo nos próximos dois ou três anos no Barão", disse.
Leia, abaixo, a entrevista completa:
Folha Online - O que os fãs do Barão Vermelho podem esperar ao assistir um show solo do Frejat?
Frejat - Um show de uma banda de rock é diferente da de um cantor pop. Esse disco novo funciona com o resto do meu repertório. Eu toco cinco músicas do novo disco e duas dos outros discos individuais. Também vou tocar músicas de artistas de que gosto, como "Vambora", da Adriana Calcanhoto, além de um ou outro sucesso do Barão que tenha a ver com o meu trabalho. Nesse show, vou tocar "Bete Balanço" e "Por Você". O meu trabalho individual cabe muito nesse ambiente do teatro [do Sesc], em que o público pode curtir o show sentado e absorvendo melhor as informações.
Folha Online - Como o público recebeu esse último disco?
Frejat - A receptividade tem sido muito boa. Não falo de vendagem porque hoje nem se vende mais. Um dia desses eu me assustei na rua ao avistar uma loja de disco. Eu olhei e disse: "nossa uma loja de disco" (risos). Infelizmente, parte desse universo foi embora, mas eu tenho um público que tem interesse em ouvir meu trabalho novo. No MySpace muita gente ouviu. No show, o público responde até as músicas que não tocaram na rádio.
Folha Online - Como você enxerga a possibilidade de acabar o formato de CD?
Frejat - Eu acho que o disco dava um vínculo mais profundo entre o artista e público porque ele gostava de determinado álbum porque se identificava com quatro ou cinco músicas. Agora essa preocupação desaparece, o que é ruim artisticamente. Por outro lado, a gente fica livre daquele monte de porcaria que era obrigado a colocar no LP.
Folha Online - Como você compara esse disco solo com seus dois anteriores?
Frejat - Esse disco tem o papel de continuação. Ele vem de uma parada de três anos, período em que estive com o Barão Vermelho. Quando voltei com o Barão, eu estava em um momento ascendente na minha carreira solo, mas parei para cumprir com meu compromisso. O disco novo retoma o trabalho e reafirma o que eu estava fazendo. Ele vem com várias parcerias, canções e sonoridades.
Folha Online - Que tipo de sonoridade ou artista te influenciou nesse disco?
Frejat - Eu não quero parecer pretensioso, mas eu já sou um tipo de artista que, ao escutar alguma coisa, não chega ao ponto de ser influenciado por ela. Mas gosto do alternativo americano, como Wilco e Ben Harper. Também gosto do compositor Amos Lee, de Laura Jones e de artistas brasileiros, como Zeca Baleiro e Jonas Sá. Mas nada disso me norteia. Eu já tenho a minha personalidade de cantor e compositor.
Folha Online - Você gosta do rock feito hoje em dia?
Frejat - Eu gosto de Kooks, Strokes, desse rock mais cru. Também estou ouvindo muito [o disco] "Sky Blue Sky", do Wilco. Mas quando entra essa coisa meio punk romântico ou esse heavy metal que começa levinho e termina pesado, eu acho meio clichê, passo longe. Para mim é quase o oposto do que significa rock n' roll.
Folha Online - Como você vê o futuro do rock, ele está ligado à música eletrônica?
Frejat - Eu não sei se está ligado à música eletrônica, mas à eletrônica, porque o rock sempre esteve ligado à tecnologia. Sempre terá instrumentos eletrônicos, loops, samples. O rock tem essa tendência de se misturar.
Folha Online - O disco "Puro Êxtase" (1998), do Barão, não foi muito bem recebido por alguns em razão das influências eletrônicas. Você gosta daquele disco?
Frejat - Eu acho que o Barão é visto como um monumento clássico e acharam que era quase uma heresia flertar com música eletrônica. Mas eu gosto muito do gênero. Não entendo nada, mas gosto de Kraftwerk, de electro...
Folha Online - Você disse certa vez que, ao vivo, o Barão Vermelho chega a ser melhor do que os Rolling Stones...
Frejat - Quanto à criação, os Stones são irrepreensíveis, mas, ao vivo, nem sempre. Isso ficou claro quando a gente abriu para eles [em 1995]. Eu acho que ao vivo fomos sempre mais eficientes musicalmente. Tem noites em que eles são muito bons e noites em que não são. Eles não tem essa preocupação de estar ensaiados. Já o Barão, quando subia ao palco de forma regular, já era acima da média. Quando nosso show era mais-ou-menos, ele era muito bom. Isso não significa que os Stones não sejam uma das maiores bandas do mundo. Essa displicência faz até parte do charme.
Folha Online - Assim como os Rolling Stones, o Barão Vermelho tem uma longa carreira. Você acha que existe um momento para uma banda parar de tocar?
Frejat - Não, não tem um período. O importante é que exista prazer em tocar. Fazer só por dinheiro não tem graça nenhuma. Não dá pra subir no palco só por dinheiro porque depois de um mês você se sente a pior pessoa do mundo. Música tem uma coisa sagrada que não permite mercenarismo. No caso de bandas especificamente, elas têm tempos, elas não precisam ficar décadas juntas. Elas podem ter interrupções para descansar, como a gente vem fazendo no Barão.
Folha Online - Quando o Barão Vermelho pretende se reunir para gravar um disco novo?
Frejat - Não há previsão de volta. Em algum momento a gente vai tocar junto, mas não há nada conversado, combinado. Cada um está ligado a seus projetos particulares. Eu não me vejo nos próximos dois ou três anos no Barão.
Ainda sobre sua banda, Frejat afirma que não há previsão de uma nova reunião. "Não me vejo nos próximos dois ou três anos no Barão", disse.
Leia, abaixo, a entrevista completa:
Folha Online - O que os fãs do Barão Vermelho podem esperar ao assistir um show solo do Frejat?
Frejat - Um show de uma banda de rock é diferente da de um cantor pop. Esse disco novo funciona com o resto do meu repertório. Eu toco cinco músicas do novo disco e duas dos outros discos individuais. Também vou tocar músicas de artistas de que gosto, como "Vambora", da Adriana Calcanhoto, além de um ou outro sucesso do Barão que tenha a ver com o meu trabalho. Nesse show, vou tocar "Bete Balanço" e "Por Você". O meu trabalho individual cabe muito nesse ambiente do teatro [do Sesc], em que o público pode curtir o show sentado e absorvendo melhor as informações.
Folha Online - Como o público recebeu esse último disco?
Frejat - A receptividade tem sido muito boa. Não falo de vendagem porque hoje nem se vende mais. Um dia desses eu me assustei na rua ao avistar uma loja de disco. Eu olhei e disse: "nossa uma loja de disco" (risos). Infelizmente, parte desse universo foi embora, mas eu tenho um público que tem interesse em ouvir meu trabalho novo. No MySpace muita gente ouviu. No show, o público responde até as músicas que não tocaram na rádio.
Folha Online - Como você enxerga a possibilidade de acabar o formato de CD?
Frejat - Eu acho que o disco dava um vínculo mais profundo entre o artista e público porque ele gostava de determinado álbum porque se identificava com quatro ou cinco músicas. Agora essa preocupação desaparece, o que é ruim artisticamente. Por outro lado, a gente fica livre daquele monte de porcaria que era obrigado a colocar no LP.
Folha Online - Como você compara esse disco solo com seus dois anteriores?
Frejat - Esse disco tem o papel de continuação. Ele vem de uma parada de três anos, período em que estive com o Barão Vermelho. Quando voltei com o Barão, eu estava em um momento ascendente na minha carreira solo, mas parei para cumprir com meu compromisso. O disco novo retoma o trabalho e reafirma o que eu estava fazendo. Ele vem com várias parcerias, canções e sonoridades.
Folha Online - Que tipo de sonoridade ou artista te influenciou nesse disco?
Frejat - Eu não quero parecer pretensioso, mas eu já sou um tipo de artista que, ao escutar alguma coisa, não chega ao ponto de ser influenciado por ela. Mas gosto do alternativo americano, como Wilco e Ben Harper. Também gosto do compositor Amos Lee, de Laura Jones e de artistas brasileiros, como Zeca Baleiro e Jonas Sá. Mas nada disso me norteia. Eu já tenho a minha personalidade de cantor e compositor.
Folha Online - Você gosta do rock feito hoje em dia?
Frejat - Eu gosto de Kooks, Strokes, desse rock mais cru. Também estou ouvindo muito [o disco] "Sky Blue Sky", do Wilco. Mas quando entra essa coisa meio punk romântico ou esse heavy metal que começa levinho e termina pesado, eu acho meio clichê, passo longe. Para mim é quase o oposto do que significa rock n' roll.
Folha Online - Como você vê o futuro do rock, ele está ligado à música eletrônica?
Frejat - Eu não sei se está ligado à música eletrônica, mas à eletrônica, porque o rock sempre esteve ligado à tecnologia. Sempre terá instrumentos eletrônicos, loops, samples. O rock tem essa tendência de se misturar.
Folha Online - O disco "Puro Êxtase" (1998), do Barão, não foi muito bem recebido por alguns em razão das influências eletrônicas. Você gosta daquele disco?
Frejat - Eu acho que o Barão é visto como um monumento clássico e acharam que era quase uma heresia flertar com música eletrônica. Mas eu gosto muito do gênero. Não entendo nada, mas gosto de Kraftwerk, de electro...
Folha Online - Você disse certa vez que, ao vivo, o Barão Vermelho chega a ser melhor do que os Rolling Stones...
Frejat - Quanto à criação, os Stones são irrepreensíveis, mas, ao vivo, nem sempre. Isso ficou claro quando a gente abriu para eles [em 1995]. Eu acho que ao vivo fomos sempre mais eficientes musicalmente. Tem noites em que eles são muito bons e noites em que não são. Eles não tem essa preocupação de estar ensaiados. Já o Barão, quando subia ao palco de forma regular, já era acima da média. Quando nosso show era mais-ou-menos, ele era muito bom. Isso não significa que os Stones não sejam uma das maiores bandas do mundo. Essa displicência faz até parte do charme.
Folha Online - Assim como os Rolling Stones, o Barão Vermelho tem uma longa carreira. Você acha que existe um momento para uma banda parar de tocar?
Frejat - Não, não tem um período. O importante é que exista prazer em tocar. Fazer só por dinheiro não tem graça nenhuma. Não dá pra subir no palco só por dinheiro porque depois de um mês você se sente a pior pessoa do mundo. Música tem uma coisa sagrada que não permite mercenarismo. No caso de bandas especificamente, elas têm tempos, elas não precisam ficar décadas juntas. Elas podem ter interrupções para descansar, como a gente vem fazendo no Barão.
Folha Online - Quando o Barão Vermelho pretende se reunir para gravar um disco novo?
Frejat - Não há previsão de volta. Em algum momento a gente vai tocar junto, mas não há nada conversado, combinado. Cada um está ligado a seus projetos particulares. Eu não me vejo nos próximos dois ou três anos no Barão.


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