Do Correio Braziliense
06/02/2009
O músico César Menotti, 26 anos, que forma dupla com o irmão Fabiano, 31, é a principal atração da festa Sertanejada, neste sábado, no ExpoBrasília. Ele fala ao Correio sobre o sucesso do mais recente disco, Voz do coração, sobre a empolgação com os convites para shows internacionais e sobre o desejo de encontrar novas possibilidades dentro do gênero sertanejo.
No começo da carreira, a dupla César Menotti & Fabiano fez sucesso regravando sucessos sertanejos. Hoje, busca trabalho cada vez mais autoral, que busca agradar a públicos de todas as idades, apesar de ser classificado sob o gênero universitário.
Vocês recentemente lançaram o CD Voz do coração. Como tem sido a repercussão do novo álbum?
Graças a Deus, fantástica e maravilhosa.
É um disco que nos surpreendeu com a velocidade de divulgação, principalmente porque estamos uma fase em que nós não somos mais um fenômeno de revelação, estamos nos estabilizando na carreira. O disco veio em muita boa hora para a gente.
Com a quantidade de shows que vocês fizeram pelo país, dá para notar que o CD está fazendo sucesso. Como está a vendagem?
Já partimos para 100 mil CDs.
Em tempos de pirataria, é uma marca muito boa. A pirataria é uma covardia, então a gente nem se preocupa muito com os números. Qualquer quantidade que a gente consiga vender já é uma vitória.
Em 2008, vocês ganharam o Grammy Latino na categoria melhor álbum romântico com o álbum .com_você. Como foi conquistar um prêmio como esse?
O Grammy foi nosso primeiro e único prêmio. Nós só tínhamos dois álbuns até então. Nós tivemos a felicidade de, no segundo álbum, concorrer e ganhar o Grammy Latino. Foi bacana porque nós temos o desejo de alcançar a América Latina e os países de língua espanhola e o Grammy dá uma boa visibilidade. Vocês têm o desejo de gravar um álbum em espanhol? Sem dúvida, esse é um sonho nosso.
Em março, vocês estarão em turnê pelos Estados Unidos. É a primeira viagem para o exterior ou vocês já saíram do país anteriormente para apresentações fora?
Estivemos nos Estados Unidos ano passado para fazer show. É uma apresentação para o público latino, geralmente vemos muitos argentinos, brasileiros, uruguaios e paraguaios. Como foi a experiência? O Brasil em geral tem muitos imigrantes lá (nos Estados Unidos), mas mineiros, em especial, são muitos. É um show emocionante, para em média 3 mil pessoas. As apresentações são calorosas e as pessoas participam muito, pois veem a oportunidade de estarem mais próximas do país. Este ano, vamos para a Europa também. Tivemos o convite para ir para lá ano passado, mas não pudemos. Em 2009, fomos chamados para ir para Angola e lá será um público diferente, já que você não faz um show para o público brasileiro, e sim para o povo de lá.
O sertanejo ficou muito estigmatizado como música de dor-de-cotovelo, mas o surgimento de duplas como a César Menotti & Fabiano deu origem a uma nova roupagem, o sertanejo universitário, e a uma nova visão sobre o gênero. O que você acha de tudo isso? Quando começamos a cantar, não tínhamos nenhuma vontade de criar uma nova música. Procuramos fazer um trabalho particular, inédito, que não se parecesse com o de ninguém. Para nossa felicidade, abrimos caminhos para muitas duplas, que hoje atuam num segmento parecido. A gente procurou fazer uma música sertaneja que fosse alegre e interativa, que levasse o público a uma emoção positiva, e não a um sofrimento. A gente sabe como a música pode mexer com as pessoas, ela pode tanto alegrar como entristecer. Por isso, procuramos fazer músicas que tragam esperança.
Vocês fazem música para crianças e adultos. E, em Voz do Coração, há canções também para os caminhoneiros, como Rédeas do possante. Você acha que agradar a todos os públicos foi importante para o sucesso do CD?
Talvez seja um dos motivos. Há uma série de fatores que fazem o disco dar certo. A primeira coisa que a gente vê é se a música nos agrada, porque só cantamos o que realmente gostamos. Procuramos resgatar músicas da nossa infância para mostrar às crianças o que nós ouvíamos quando tínhamos a idade delas. A gente não se prende a nenhuma tribo e agradar muitos públicos é bom para nossa divulgação pelo país.
A regravação de sucessos do passado foi pensada especialmente para resgatar o público do sertanejo de raiz?
Na verdade, foi algo pensado para ter um apelo popular. Quando iniciamos a nossa carreira profissional, fizemos um trabalho com regravações porque ninguém tinha feito aquilo ainda. Nós regravamos algumas canções, mas logo em seguida muitas duplas fizeram um trabalho parecido e eu acho que isso saturou um pouco. A gente procurou cada vez mais fazer um trabalho autoral, porque aquela fórmula que descobrimos tempos atrás foi muito explorada. Mas, como nosso publico gostava dessas regravações, colocamos novamente no nosso disco. É uma situação que muitos artistas criticam, outras pessoas elogiam, mas a gente tem buscado cada vez mais ser profissional.
Você mantém um blog no site www.cesarmenottiefabiano.com.br. Como é a experiência de falar diretamente com os fãs?
A idéia do blog surgiu de um desejo meu de ter um canal direto com o público, porque por e-mail era complicado. Recebíamos centenas por dia e era difícil responder a todos. Achei que o blog era mais abrangente, porque me permitia postar uma opinião ali e diversas pessoas poderiam opinar logo em seguida. É muito bacana esse canal de interatividade direta com o publico. Além de cantar, vocês participam de vários processos da execução do disco.
Quais papéis você executou em Voz do Coração?
Em todos os trabalhos, sempre participei como músico e compositor. Neste, assumi uma parte da produção. Faço questão de participar para ajudar a buscar uma fórmula que não tenha sido tão explorada. Você, então, é compositor também? Em todos os trabalhos há composições minhas. Nesse último, em particular, tenho algumas de que gosto muito, como Horóscopo, Mensagem pra ela — uma canção que nos deu muita sorte — e Caso por acaso.
A musicalidade de vocês é algo que surgiu com o apoio da família? Qual foi o papel da família de vocês nesse crescimento?
A gente não tinha tanta certeza, mas nossos pais sempre tiveram uma convicção do que eles queriam para nós. Acabamos absorvendo essa vontade e tomando gosto pela música. A fé de vocês é muito forte e está presente no álbum Voz do coração com a música Segura na mão de Deus.
O que é a religiosidade para a dupla?
Costumamos dizer que não temos religião, porque a religião perdeu a característica original e agora segue um conjunto de regras muito restrito. A gente não se prende a nada disso. Acreditamos na palavra de Deus e levamos uma vida cristã. As gravações de músicas religiosas saem como gratidão por tudo que Deus nos proporcionou. Creditamos a Deus tudo que nos aconteceu. As pessoas gostam muito de vocês em Brasília.
Como é tocar na capital federal?
É muito bom, sempre uma honra. Temos amigos na cidade. É um publico muito caloroso, porque Brasília recebe gente do país inteiro. Há muitos goianos e mineiros que gostam do nosso trabalho.
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