Do Site da
Secretaria de Cultura do Distrito Federal 19/05/2009
O maestro convidado Gil Jardim estará novamente a frente da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro (OSTNCS) nesta terça-feira (19), às 20h, na sala Villa-Lobos. No concerto, composições de Ralph Vaughan Williams, Max Bruch e Antonín Dvorák. Outro convidado a se apresentar nesta noite será o solista Daniel Guedes.
Gil Jardim é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra de Câmara da Universidade de São Paulo – OCAM. Desde 2006, é o chefe do Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes da USP. Realizou sua graduação no Departamento de Música da ECA-USP, tendo tido aulas com Olivier Toni, Gilberto Mendes, Willy Correa de Oliveira e Jean Noel Shagard, entre outros. Tornou-se docente dessa mesma escola no final de 1984. Atualmente é Professor Livre Docente. Desenvolve uma carreira profissional versátil e arrojada, unindo a performance como maestro, a docência, a pesquisa e ainda escrevendo música para seus projetos especiais. Tem se destacado por marcantes atuações em concertos com diversas orquestras sinfônicas nacionais e internacionais. Em 2005, lançou o livro 'O Estilo Antropofágico de Heitor Villa-Lobos', em edição promovida pela Philarmonia Brasileira/VIVO. Gravou e lançou o cd 'Villa-Lobos em Paris', que em 2006 foi contemplado com o 'Diapason d'Or' e o 'Prime de Cultura da Revista Bravo'. Nesse mesmo ano realizou palestras na Universidade de Roma 'Tor Vergata' e no Instituto Ítalo-Latino Americano de Roma, Itália, sobre a música de Heitor Villa-Lobos.
Durante os oito anos como diretor da OCAM-USP, implantou um conceito de trabalho renovador, colocando-a em evidência no cenário musical brasileiro, com uma média de 30 récitas anuais, com solistas consagrados, nacionais e internacionais. Com versatilidade, desenvolve seu trabalho fortemente marcado pela habilidade em extrair da fusão entre elementos da música étnica e erudita brasileira, resultados de grande magia e expressão artística. Nessa linha de trabalho, destacam-se os ciclos de concertos com personalidades musicais como Egberto Gismonti, Milton Nascimento e Naná Vasconcelos. Entre os trabalhos no exterior, o maestro já dirigiu orquestras como a Brooklyn Academy of Music Symphony Orchestra, de Nova York; a Royal Philharmonic Concert Orchestra, de Londres; a Camerata Mexicana; a Orquestra Regionalle del Lazio i Roma e a Orquestra de Camara Mayo, de Bueno Aires. Escreveu e dirigiu música para diversas produções junto ao Balé do Teatro Castro Alves (Bahia), e o Ballet da Cidade de São Paulo I e II. Na chefia do CMU criou e foi o Diretor Geral de festivais internacionais de grande repercussão: Festival Ex Toto Corde (Cordas), USP Percussivo 2008 - Festival Internacional de Percussão Contemporânea e também o Festival Leo Brower (trazendo o compositor cubano pela primeira vez ao Brasil). Entre Outubro e Novembro de 2008 realizou tournée de 40 dias com 27 concertos nos EUA, à frente da Orquestra Philarmonia Brasileira tendo como solista o consagrado saxofonista Branford Marsalis. Esse ciclo de concertos, "Marsalis Brasilianos", contemplou de maneira especial a obra de Heitor Villa-Lobos e percorreu o país do Pacífico ao Atlântico.
Reconhecido pela crítica especializada como um dos mais expressivos artistas de sua geração, Daniel Guedes estudou em Londres com Detlef Hahn na Guildhall School of Music, e em Nova York com Pinchas Zukerman e Patinka Kopek na Manhattan School. Venceu os concursos Jovens Concertistas Brasileiros, Bergen Philharmonic e Waldo Mayo Memorial Award, estreando no Carnegie Hall com o concerto n° 1 de Max Bruch. Apresenta-se como solista junto às principais orquestras brasileiras e também nos EUA, Canadá, Inglaterra e Noruega, tendo atuado sob a regência de Pinchas Zukerman, Isaac Karabtchevsky, Irwin Hoffman, Roberto Tibiriçá e Roberto Minczuk, entre outros. Gravou com a OSB o concertino de Guerra-Peixe e o concerto de Henrique Oswald. Lançou o CD Impressões Brasileiras, com obras de Villa-Lobos, Lorenzo Fernandes e Alceo Bocchino, e em 2007 gravou as sonatas de Beethoven para violino e piano com o pianista israelense Ilan Rechtman pelo selo Well Tempered Productions.
Daniel Guedes é professor do Conservatório Brasileiro de Música, do Instituto Baccarelli e leciona também nos festivais de Campos do Jordão e Santa Catarina. Como regente, atuou frente à Orquestra do Conservatório Brasileiro de Música, da Universidade de Brasília, Sinfônica da Bahia, de Campinas e OSUSP e estará no concerto desta terça com a OSTNCS.
Abrindo a noite, a sinfonia 'Norfolk Rhapsody n° 1', de Vaughan Williams. O compositor foi um dos grandes responsáveis pelo renascimento da música inglesa entre a segunda metade do século 19 e os primeiros 50 anos do século. Estudou com Parry e Stanford, dois compositores ingleses, entre 1890 e 1896, e em seguida com o alemão Max Bruch em Berlim. Também foi aluno de Maurice Ravel em Paris, e encontrou no amigo folclorista Cecil Sharp o elo final de sua agenda criativa. Excelente orquestrador, mergulhou no folclore britânico para dele extrair com refinamento o núcleo motivador de sua música. É o caso da 'Norfolk Rhapsody no. 1', composta entre 1905 e 1906. A composição utiliza três canções populares: 'The Captain's Apprentice', 'The Basket of Eggs' e 'A Bold Young Sailor'. A bela escrita instrumental e o caráter pastoral, campestre, encantam já na primeira audição.
Logo após é a vez de 'Concerto para violino n° 2 em ré menor, opus 44', de Max Bruch. Filho de um policial e uma cantora, o compositor nasceu em Colônia apenas cinco anos depois de Brahms, e morreu após a Primeira Guerra Mundial, quando Stravinsky e Schoenberg já tinham sacudido as bases da música tonal. Ele, no entanto, manteve-se fiel a seus grandes modelos: Félix Mendelssohn, com quem não chegou a conviver, e Johannes Brahms, seu mestre permanente, com quem manteve uma longa e atribulada amizade (atribulada porque ambos tinham personalidades fortes, isto é, eram muito teimosos e turrões). Aos 14 anos venceu seu primeiro concurso como violinista e estabeleceu-se como virtuose do instrumento na cena européia. Numa de suas turnês, passou em 1858 por Leipzig, cidade pela qual apaixonou-se por um triplo motivo: a Orquestra do Gewandhaus, dirigida por Mendelssohn até 1847; o coral da Igreja de São Tomás, onde Bach trabalhou por 27 anos, até 1750; e a ópera.
Bruch compôs três concertos para violino. O primeiro deles, de 1866, é o mais conhecido e executado nas salas de concerto, por isso mesmo, é rara a chance que temos hoje de assistir a uma performance de seu segundo concerto, escrito dez anos depois e estreado no Crystal Palace de Londres em 9 de novembro de 1877 com o notável virtuose do violino Pablo Sarasate, a quem o compositor dedicou a obra. Ao contrário de um tradicional primeiro movimento rápido, Bruch opta por um inesperado movimento lento. O esfuziante finale é um Allegro molto – aquele que Brahms normalmente esperaria para o primeiro movimento. O efeito é excelente.
Para fechar a noite, a 'Sinfonia n° 5 em fá maior opus 76' de Antonín Dvorák. Esta quinta sinfonia foi o passaporte para o checo começar a afirmar-se na cena musical européia, a partir de 1879, quando ela estreou em Praga. Foi composta em apenas cinco semanas, entre junho e julho de 1875, ainda sob o impacto de ter sido escolhido por um conselho integrado por Johannes Brahms para a obtenção de uma bolsa de estudos em Viena. Sem conhecê-lo, Brahms recomendou o jovem compositor checo a seu editor Simrock, que publicou várias de suas obras de juventude. A bolsa estendeu-se por outros quatro anos – e em 1879, Brahms finalmente visitou Praga.
A 'Sinfonia n° 5 em fá maior opus 76' foi apelidada de campestre por vários estudiosos, e não apenas pela tonalidade de fá maior, a mesma da "Sinfonia no. 6 – Pastoral" de Beethoven, mas sobretudo por causa dos três primeiros movimentos. Duas gaiatas clarinetas abrem o Allegro ma non troppo e estabelecem o clima de naturalidade e fluxo musical continuamente exuberante que escorre pelos dois movimentos seguintes: a melancolia típica do sentimento nostálgico surge do canto dos violoncelos no Andante con moto, em forma de 'Dumka', que se espalha em seguida pelos violinos, flautas, trompas, fagotes e clarinetas. A quebra de atmosfera do Finale é tamanha que pode-se até pensar em outra peça musical. O tom agora é grandiloquente, épico, dramático, e a orquestração muito mais cerrada. Em seus cerca de 12 minutos, rivaliza em duração com o primeiro movimento – e com certeza foi a parte na qual Dvorák mais mexeu na revisão que fez da sinfonia em 1887, doze anos depois de sua composição inicial.
O concerto da Orquestra Sinfônica será nesta terça, 19 de março, às 20h, na sala Villa-Lobos do Teatro Nacional. A entrada é franca mediante retirada de ingressos na bilheteria, até o limite de lotação da sala.
PROGRAME-SE: Concerto da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional. Terça-Feira (05), às 20h, na sala Villa-Lobos do Teatro Nacional. Regência: maestro convidado Gil Jardim. Solista: Daniel Guedes. Entrada franca mediante retirada de ingressos na bilheteria, até o limite de lotação da sala. Classificação indicativa: 12 anos. Informações: 3325-6232.
PROGRAMARalph Vaughan Williams (1872-1958)
Norfolk Rhapsody n° 1
Max Bruch (1838-1920)
Concerto para violino n° 2 em ré menor, opus 44
- Adagio ma non troppo
- Recitative: Allegro moderato
- Finale: Allegro molto
Solista: Daniel Guedes
INTERVALO
Antonín Dvorák (1841-1904)
Sinfonia n° 5 em fá maior opus 76
- Allegro ma non troppo
- Andante con moto
- Scherzo: Allegro scherzando
- Finale: Allegro molto
Regente: Gil Jardim