sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Milonga Triste...

No mundo da dança, conheci muita gente e guardo nele o meu maior número de amigos.
Na manhã de hoje, recebi a notícia do falecimento de um grande nome: Giovanni Fabiano.
Não era um nome conhecido no meio cultural, além da nossa roda restrita da dança de salão e, principalmente, do tango em Brasília.
Não fez fama como professor, apesar de ministrar suas aulas... não fez fama como dançarino, pois pouco lhe atraía o palco.
Porém, sua insistência em divulgar com vigor a arte que tanto amava, o notabilizou.

Quem conhece tango em Brasília, desde que o tango é tango em Brasília, conheceu o Giovanni.

O primeiro a quebrar o paradigma de que para produzir um baile de tango era necessário ser professor da arte ou dono de academia. Ao lado da parceira Cléia, produziu a milonga mais tradicional e duradoura da cidade, iniciada modestamente com os “bailes da Cléia”.
Certa vez, quando eu ainda era magrinho, me confundiram com ele em um baile. A daminha que dançava comigo estava feliz da vida, até perceber o engano e dizer: desculpe, te chamei pra dançar porque pensei que fosse o Giovanni.
Achei graça e me diverti, mas ali me dei conta da força daquele camarada no meio da dança.
Mas a riqueza maior do privilégio do convívio com o Giovanni era sua amizade sincera. Vou levar até o final de meus dias a saudade de seu abraço apertado, da sua risada e da voz poderosa, que sempre alegrava os ambientes por onde passava... e ele passava por todos os lugares onde se podia apreciar um bom tango.
Perfeccionista ao extremo, não poupava suas parceiras com a busca da sua melhor dança. Da mesma forma, não deixava passar em claro nenhuma oportunidade de uma palavra amiga, de elogio e de incentivo.
Devo a ele muito mais do que se possa imaginar. E fico grato por ter tido a oportunidade de lhe dizer isso em vida.
Com sua partida, o tango que por natureza é triste, entristeceu ainda mais. Mas a memória alegre de meu amigo estará gravada em cada baile desta cidade... e a ele dedico toda minha primeira dança, a cada vez que eu ouvir um tango.
Hasta breve, mi amigo. Eu e minha família choramos sua partida e brindamos sua vida. Você foi importante para nós.

2 comentários:

  1. Recebo a notícia com muita tristeza...

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  2. João, infelizmente, só pude ler a homenagem hoje. Saiba que a cada palavra contada me trazia uma memória fiel do meu "pailito", como eu o chamo. Chorei muito ao ler, mas não de tristeza. Um choro de imensa saudade e felicidade em poder recordar um trecho da trajetória do pailito no meio de nós. Não me canso de dizer obrigada pelo carinho e sincera amizade. Vou transmitir a homenagem a toda a família para que ninguém fique sem ter a alegria em saber dela. Beijos, Renata.

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