terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Bailarino espanhol Igor Calonge se apresenta em Brasília


Do Correio Braziliense
“O solo é um processo lento. Peço às pessoas que tenham paciência e estejam presentes na apresentação. Basicamente, trabalho com movimentos físicos que não têm vínculo imediato com uma narrativa. Cada espectador deve recorrer a si para captar os fatores emotivos. Não pretendo partir para resultados de massificação”, esclarece o dançarino espanhol Igor Calonge, que, a partir desta terça, integra o espetáculo No tan poco, a ser mostrado no Teatro Adolfo Celi (Casa D’Italia, 208/ 209 Sul). Criação muito recente, a obra, por enquanto, foi apresentada apenas no município espanhol de Vigo e na cidades de Madri e de San Sebastián (terra natal de Calonge). Calonge, 34 anos, que já foi dirigido por John Scott (da Irish Modern Dance Theater, de Dublin) não segreda as melhores experiências profissionais pela afinidade com as propostas da basca Branca Calvo e pelo entrosamento com Daniel Abreu (diretor de Ojos de pez). Ao lado de ambos, há ainda o aprendizado mais recente, com Carmen Werner, à frente da Companhia Provisional Danza, gabaritada pela projeção internacional alcançada na América Latina, na Europa, em cidades japonesas e até nos territórios soviéticos. Mesmo com aprimoramento nos palcos internacionais, o dançarino não se guia pelos aspectos teóricos. “Danço com o sentimento. Empregar somente a técnica é sinônimo de frustração. Dançar com emoção torna o espetáculo mais fluido”, avalia. Para a série de apresentações na capital, a expectativa é grande, depois de inesquecível primeiro contato com o público local para a mostra Cena Contemporânea, há cerca de um ano e meio, quando se apresentou na sala Plínio Marcos (Funarte). “Os brasileiros comparecem felizes ao teatro. Na Espanha, é particularmente difícil juntar tantas pessoas para um espetáculo alternativo de dança. O flamenco, por exemplo, é exceção, diante da capacidade de concentrar tanto interesse”, conta o artista, que traz no currículo a codireção da apresentação intitulada Aura, feita há quatro anos com o músico e pesquisador de eletroacústica Alain Déspres. Ensaiado por três meses, No tan poco, inicialmente, seria um projeto solo curto, feito com o propósito de ser apresentado nas ruas, mas cresceu. “Faço os espetáculos sem objetivo claro. As sensações repassadas têm demasiado fundo pessoal, em termos de receptividade do público. Crio o ambiente, e a apreciação é do espectador”, reforça o espanhol. Tanto na “forma física” quanto “mentalmente” compromissado com a “grande pedagoga” Carmen Werner, Calonge diz que um dos maiores desafios está no andamento da única coreografia, apresentada de modo contínuo, por cerca de 45 minutos. “A maior dificuldade é a possibilidade de haver aceleração no ritmo impresso originalmente no solo”, avalia. Há 14 anos envolvido com as vertentes clássica e contemporânea, seguramente, pesa no espetáculo o contato com a improvisação, motivado pelas aulas com Maria Martínez (da conceituada School for New Dance Development, em Amsterdã). Com iluminação desenhada por Pedro Fresneda, No tan poco teve adaptações decorrentes das diferenças de materiais empregados no Brasil e na Espanha. Prevaleceu, entretanto, o caráter despojado do cenário, em conformidade com a trilha organizada pelo próprio dançarino, que empregou sons do mar, “muito silêncio” e temas musicais do italiano Niccolò Paganini.
NO TAN POCO – Espetáculo de dança de Igor Calonge
Casa D’Itália (208/209 sul) de hoje a 11 de fevereiro, terças e quarta feiras, às 21 horas

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