AE - Agencia Estado
Existem artistas que se transformam com o tempo em epígonos da persona artística que criaram para si. É o caso de Portinari (1903-1962).
Após visitar o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), em 1939, e ver Guernica (hoje no Centro Nacional de Arte Rainha Sofia, em Madri), o pintor ficou tão impressionado com o trabalho de Picasso que não teve dúvidas em emular o estilo do artista e reproduzir, dos anos 1940 em diante, um cubismo algo torto, mal digerido, abaixo do Equador.
Duas séries (Bíblica e Retirantes) expostas a partir de hoje, no Museu de Arte de São Paulo (Masp), são provas incontestáveis da existência dessa persona híbrida - poderíamos chamá-la Portinasso - que tentou, na primeira das séries citadas, criar um épico tão comovente como a obra-prima pintada em 1937 por Picasso.
Se muitas das pinturas tardias do pintor espanhol, depois de Guernica, são variações temáticas das obras dos mestres, a de Portinari elege Picasso como modelo nessa série, produzida entre 1942 e 1943, que retrata passagens do Velho e do Novo Testamento.
Há, também, citações dos metafísicos italianos (claras no canto superior esquerdo da tela Ira das Mães, de 1942), mas a referência principal é mesmo o autor de Guernica. Picasso tinha, então, um fato histórico marcante como tema de seu painel: a indignação provocada pelo bombardeio da cidade basca pelos nazistas durante a Guerra Civil Espanhola.
Portinari, é provável, buscou mas não encontrou um assunto tão forte para sua série épica, segundo o curador do Masp, Teixeira Coelho. Recorreu, então, à velha e boa Bíblia.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
domingo, 4 de janeiro de 2009
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