terça-feira, 14 de abril de 2009

CCBB recebe o mais importante festival de documentários da América Latina

Ana Rita Gondim
Do Correiobraziliense.com.br
14/04/2009

A casa dos mortos mostra o dia-a-dia de internos em manicômio judiciário na Bahia
O mais importante festival de documentários da América Latina chega à cidade nesta terça-feira (14/04). Trinta e seis películas inéditas brasileiras, entre longas, médias e curtas-metragens, e títulos internacionais premiados estão no programa da 14ª edição do É tudo verdade. O evento, criado e dirigido por Amir Labaki, ocupa a sala do Centro Cultural Banco do Brasil até o dia 26.
O destaque de Brasília é A Casa dos Mortos, filme da antropóloga e cineasta Debora Diniz, única representante da cidade no Festival. O curta de Debora retrata a realidade de internos em um manicômio judiciário de Salvador, na Bahia.
A casa dos mortos se desenvolve todo a partir do poema homônimo de Bubu, “um dos condenados à prisão perpétua” (como define a cineasta), em sua 12ª internação. Durante 24 minutos, versos e imagens revelam a sobrevivência e a morte de internos que se tornam os narradores de um cotidiano doloroso e excludente.
“Esta é exatamente a história do que se passa num manicômio judiciário. É um espaço de morte. Todos os meus filmes têm uma questão de direitos humanos no fundo. A proposta é mostrar essas pessoas que vivem uma pena perpétua. É essa história que eu queria contar”, explica a antropóloga, que aproveita para relacionar o curta à peça baseada no livro de mesmo nome, Cemitério dos vivos, de Lima Barreto.
“É uma analogia bastante semelhante”, avisa. Todo o curta é realizado sem música e sem entrevistas, além de não haver sido feito qualquer roteiro para o trabalho. “Tenho uma ideia e vou seguindo. Eu me rendo ao real”, conta a cineasta. Ademais, ela frisa que o filme não é caracterizado como triste, mas que é, sobretudo, um recorte da realidade. “É uma história real, de abandono, não é feliz. É um filme que tem um drama, um drama de direitos humanos, de reconhecimento de justiça. Não é trágico, é apenas dramático”. No Rio de Janeiro e em São Paulo, onde o curta de Debora Diniz já foi exibido, a consequência foi bastante relevante.
“Do ponto de vista político e social, o efeito foi tremendo. Houve respostas imediatas. Quase todos os hospitais do gênero estão se mobilizando para garantir a liberdade do personagem principal. O que eu conto não é apenas o drama desse personagem, mas é a história do Brasil inteiro”, elucida a antropóloga. Para Brasília, ela espera ainda mais. “Aqui esse impacto é muito maior. Existe um diálogo muito forte com o poder”, ressalta Diniz, que já participou de dois festivais anteriores.
No dia 24, após a sessão das 20h30, ela participará de debate com a plateia sobre a produção e as curiosidades da película. Entre outros destaques da mostra estão o recente Cartas ao Presidente, do tcheco Petr Lom.
O longa, exibido no último Festival de Berlim, tem como eixo uma das principais políticas populistas do presidente do Irã. Z32, do documentarista israelense Avi Mograbi, também promete chamar a atenção. Outro destaque é o longa brasileiro Domingos, recém-concluído pela atriz/diretora Maria Ribeiro, que faz um retrato do cineasta, escritor e dramaturgo Domingos de Oliveira.

Um comentário:

  1. Este tipo de evento deveria ser mais divulgado, é uma oportunidade única para brasileiros que se interessam em saber mais, alimentar a alma e melhor, gratuitamente! Muito Bom!!!!

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